quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Sozinho no Sergipe

     Estive no Sergipe entre os dias 22/09 e 01/10/2015, por isso leve em conta que, se for em outro período, nem tudo o que descrever aqui pode estar do mesmo jeito, especialmente em termos de clima.

     Antes de falar de Aracaju, vou escrever sobre a cidade de Piranhas, já em Alagoas. Eu resolvi passar duas noites em Piranhas a fazer o passeio para o Xingó saindo e voltando de Aracaju. Fiz isso seguindo a dica de dois amigos que já conheciam a região e me recomendaram. E eu aprovei.

     Para ir para o Xingó saindo de Aracaju, é preciso encarar umas três horas dentro de uma van para chegar até a hidrelétrica em Canindé do São Francisco. Uma vez na represa, pega o catamarã, segue por uma hora barragem a dentro até o ponto de banho, onde todos ficam por mais uma hora. Depois, outra hora para retornar até Canindé. Todos que vão saindo de Aracaju acabam almoçando no restaurante que existe nesse local de embarque/desembarque do passeio. Na época, o almoço custava R$ 35 por pessoa (sem bebida). Embora seja um local bastante agradável, não sei se a comida é boa, mas não há opção. É o único local para almoço. Aí, depois disso, outras três horas de estrada para voltar para Aracaju. Parece-me muito cansativo mesmo. Isso sem contar que se perde a chance de conhecer Piranhas (Canindé não tem nenhum atrativo), única cidade do sertão nordestino tombada pela Unesco. Já que se andou tanto, por que não andar mais um pouquinho e conhecer Piranhas? Eu recomendo.

Ponto de parada para banho. Dez metros de profundidade, mas com boias à vontade, para quem precisa.

     Piranhas é muito pequena, a parte histórica ainda menor, possível de se conhecer em uma tarde de caminhada - em algumas épocas do ano, a cidade sedia alguns eventos e torna-se mais procurada - e tem um atrativo ímpar: fica às margens do Rio São Francisco. O trecho do rio que passa por Piranhas é totalmente "nadável", água morna, limpa, com pouca correnteza perto da margem. É muito gostoso você poder sair da pousada, descer alguns degraus e poder se banhar nas águas do Velho Chico.

Desse jeito. Você caminha alguns metros e se depara com essa beleza. Eis o Rio São Francisco.

    Eu fiquei hospedado na pousada "Porto de Piranhas", a qual reservei pelo Booking. Gostei. Quarto com ar-concionado, chuveiro com boa pressão, café da manhã bem variado, funcionários gentis e prestativos (Nordeste né, infalíveis no quesito acolhida) e às margens do São Francisco. Eu via o rio da janela. Ali mesmo no hotel eu reservei o passeio para o Xingó e paguei no cartão de crédito (esqueci o valor, sorry). Como estava sozinho, no dia do passeio contratei um moto táxi para me levar até o local de embarque do passeio. Paguei R$ 30 ida e volta - o motoqueiro ficou estava me esperando assim que voltei do passeio. Se fosse de carro, o mesmo percurso seria o dobro do preço. Não sei se a usina de Xingó permite visitas, ninguém me ofereceu esse passeio e confesso que não me informei pois tinha pouco tempo para ficar por ali. Bem perto da usina existe o MAX - Museu Arqueológico do Xingó. Quando passei em frente, de moto, não vi qualquer movimentação que indicasse visitantes por ali, logo também não posso recomendar.

Pousada Porto de Piranhas

     Além do passeio para  Xingó, existe outro, o da Rota do Cangaço. Ele sai dali de Piranhas mesmo, desce um trecho do rio e depois é feita uma caminhada até a Grota do Angico, local onde Lampião e Maria Bonita foram mortos. Eu li a respeito desse passeio antes e, mesmo tendo interesse nesse universo do cangaço, não me animei. A caminhada é debaixo do sol escaldante do sertão, para chegar num ponto onde existe apenas uma placa indicando que ali ocorreram os fatos. Ok, grande importância histórica, mas nada que justificasse a grana gasta e uma possível desidratação. Fora que, caso fizesse, meu tempo ficaria curto. Enfim, não fiz.

     Uma observação importante caso resolva se hospedar em Piranhas: certifique-se que a pousada fica na parte histórica, em "Piranhas velha", perto do rio. A parte nova da cidade não tem atrativo algum e fica longe da parte velha, tem que pegar um trecho de rodovia, inclusive. Quem está de carro, beleza, isso não atrapalha, mas quem vai de busão como eu fui, complica e muito. Digo isso pois, quando estava pesquisando as pousadas no Booking, havia encontrado uma que me pareceu interessante, tanto pelo preço quanto pelas instalações. Felizmente não reservei essa. Sem carro, uma furada. Longe demais da parte histórica.



- Como chegar em Piranhas:
Não existe ônibus que vá de Aracaju para Piranhas. Tive que comprar passagem até Canindé do São Francisco pela empresa Rota, na linha que segue até Paulo Afonso, na Bahia. Paguei R$ 29,00. Existem outras duas empresas que também fazem esse percurso, Coopertaju e Coopertalse, mas são micro-ônibus que param o tempo todo e a diferença de preço não compensa o desconforto. A viagem dura umas quatro horas, com uma parada em Nossa Senhora das Dores (ou da Glória, não lembro). Pedi para descer na rodoviária de Canindé e de lá peguei um táxi (o único que tinha lá) e fui até Piranhas por R$ 40. Quando comprei a passagem de ida, a vendedora perguntou se eu queria a da volta; disse que não, pois queria deixar a volta aberta - vai que eu não gostasse e quisesse vir antes. Pois bem. Deveria ter comprado. São apenas dois ônibus por dia que passam por Canindé até Aracaju. Quando cheguei na rodoviária de Canindé e fui comprar a passagem, o vendedor disse que, como o ônibus já havia saído de Paulo Afonso, ele não podia mais vender passagem por ali, pois ainda que houvessem lugares disponíveis no ônibus, o motorista poderia pegar mais passageiros no trajeto e, quando chegasse em Canindé, eu não teria onde sentar. A única saída era esperar o ônibus e ver se havia lugar livre. Por sorte, ainda restavam três poltronas vazias - as quais foram ocupadas ali mesmo em Canindé. Creio eu que isso se deu por ser numa sexta-feira, pois quando eu fui, na quarta, o ônibus seguiu praticamente vazio.
     
- O que fazer:
Como disse anteriormente, a parte histórica de Piranhas é bem pequena, logo dá pra conhecê-la por completo a pé. Existem dois mirantes acessíveis por escada - haja fôlego - sendo que um deles, o mais alto, tem um restaurante; esse também é acessível de carro, indo pela rodovia. Vale o esforço, pois a vista é maravilhosa. Existe o "Museu do Sertão". Paguei R$ 2, mas é muito pequeno, muito mesmo.
Foto tirada no topo de um mirante, o qual tem o bar. Adiante, a escadaria para o outro mirante.
O museu vale pelo letreiro.


- Comer e beber:
     Dado o tamanho reduzido da cidade, não existem muitas opções. Não vi mercado na parte histórica, tampouco um restaurante onde os locais comessem, creio eu que esses fiquem na parte nova da cidade. Existem uns restaurantes na beira do rio, onde almocei duas vezes, mas confesso que não ficou muito barato não. Como disse, faltam opções.

     Em suma, ficar em Piranhas vale para evitar o cansaço do bate e volta Aracaju/Xingó, tomar banho nas águas do São Francisco e conhecer mais uma cidade do sertão nordestino. Duas noites, tá ótimo.

     Agora, a capital sergipana.

     Aracaju não é muito famosa por sua praia. Compreensível. Uma vez que o Rio Sergipe tem sua foz na cidade, as águas ficam turvas pela suspensão da areia. Além disso, a faixa de areia é muito extensa, fator que inviabiliza a existência de barracas em muitos pontos - em certos trechos, parece que você está num lugar remoto como Jericoacara, tamanha a quantidade de areia e a distância da orla até o mar. Talvez por isso a orla é tão bem projetada, sem dúvida uma das melhores orlas do país - no que se refere à intervenção humana, não a belezas naturais, que fique claro. É um excelente lugar para quem viaja com crianças ou em grupos de mais idade. É perfeita para caminhar, pedalar, tem vários pontos para comer e beber, rende ótimas fotos.
Não disse que a faixa de areia era imensa?

Um dos mais belos trechos da orla. A praia fica além desse lago.
Aqui é o trecho chamado de Coroa do Meio, faixa de areia mais estreita e ponto mais próximo do Rio Sergipe
     A capital do Sergipe se desenvolveu às margens do rio. O trecho da praia foi ignorado durante um bom tempo, pois conforme pude observar numa foto aérea em exposição no aeroporto, ainda na década de oitenta, a região que hoje é a orla de Atalaia era um enorme terreno baldio. Não sei quando começaram a urbanizar a região, mas certo que foi recente. Os prédios são todos novos, vários hoteis recém inaugurados - outros tantos abandonados antes mesmo da conclusão. Não existe supermercado - nenhum! - em Atalaia, tampouco grandes farmácias. Achei um mercadinho bem simplório perto da Passarela do Caranguejo e uma única farmácia, a umas sete quadras de onde estava hospedado.

Repare na parte superior da foto. Assim era Atalaia na década de 80.

- Onde ficar:
     A princípio, fiquei hospedado no AJU Hostel - www.ajuhostel.com - pois queria gastar pouco. Só que não se fazem mais hostels como antigamente. A localização não é ruim, fica perto da praia, do terminal de ônibus, de alguns bares legais e tudo mais. A estrutura do hostel é boa, uma construção grande, com um espaço legal para o café da manhã, ar no quarto sem restrição de uso, banheiro bem espaçoso, uma sala de convivência bem ampla. Porém tive alguns problemas. Ao chegar no quarto, não pude escolher em qual cama ficar, mesmo tendo mais várias livres, fui "designado" para uma delas e pronto. O problema é que o quarto está preparado para três beliches, possui seis armários inclusive. Acontece que colocaram uma cama extra, ficando duas camas de solteiro lado a lado, com um espaço mínimo entre elas, quase uma cama de casal. Adivinhe em qual cama eu tive que ficar... No fim do mesmo dia, todas as outras camas foram ocupadas e quem chegou por último ficou sem armário, sem tomada e sem luz de cabeceira. O funcionário que me recebeu disse que era uma situação provisória e que no dia seguinte a cama seria retirada e tal. Não foi. O wifi oscilava muito, o a pressão do chuveiro era fraca demais e com frequência algum fusível caía e apenas o ar seguia funcionando, todo o resto apagava. Resumo da ópera: iria ficar seis noites, acabei ficando apenas duas. Acabei reservando de última hora o Ibis Budget ali em Atalaia mesmo. Minha salvação. Nessa viagem ficou certo pra mim que meus tempos de albergue terminaram. Já me hospedei muito, já me diverti muito, tenho muitas histórias pra contar, mas hoje, não dá mais.
A decoração é boa

Essa cama bem no cantinho inferior direito era pra estar na mesma posição das outras, mas não...

     Com relação a localização da hospedagem, acho mesmo que tem que ser em Atalaia. Mesmo ainda faltando algumas coisas importantes é o local mais preparado para quem não é dali. O centro tem poucos atrativos (depois falo dele) e ficar hospedado ali pode ser meio decepcionante. Por mais que a praia não seja maravilhosa, mar é mar, e a orla compensa muito. Ou seja, fique em Atalaia.

- Onde comer:
     Por razões que já expus, a oferta em Atalaia para comer também não é muito grande. Não há shopping algum por perto (sim, embora ninguém viaje para ir em shopping, às vezes é lá que temos opções baratas para comer) e a maioria dos restaurantes visa o turista. Aliás, Atalaia só existe por conta do turismo. Enfim. O pessoal do albergue recomendou um restaurante, mas acabei não indo. Na avenida da praia eu encontrei o “Bistrô Pizzaria Chic”. Apesar do nome pomposo, é um lugar simples e que serve executivo na hora do almoço. Comi por ali mesmo e posso recomendar para um refeição mais em conta, mas que alimenta; nada fora do comum, mas também nada desagradável.

     Como disse, as opções para turistas são muitas, boa parte caras e/ou desinteressantes – me perdoe, mas paulista que vai pro Nordeste e procura pizzaria é muito preso na sua zona de conforto mesmo. Eu fujo. Procuro sempre o peixe e a tapioca. Entretanto, há uma exceção, um local para turista ver, sim, mas que não custa uma fortuna e tem uma comida maravilhosa: República dos Camarões. Eu devo ter ido comer nesse lugar umas cinco ou seis vezes. Pratos bem servidos (e tem a opção para uma pessoa, o que é uma bênção), muito saborosos, com camarão mesmo e não aquela pataquada da Vivenda do Camarão. Muitos tipos de preparo, diversos molhos e acompanhamentos. Em suma, vá. Ok, não atinge o nível do Camarões potiguar – esse o melhor de todos – mas não decepciona. Ao menos o República é, sim, mais barato.

   Infelizmente não achei uma ‘tapioqueira’ que valesse a recomendação. Não sei, mas parece que falta uma certa legitimidade em Atalaia, não rola muito uma identidade, uma referência só deles – talvez a orla...

- Passeios:
     É, às vezes a gente tem que apelar para agências, não tem outro jeito. No meu blog "Decerto" , mais especificamente nesse post AQUI, eu fiz um relato mais detalhado sobre o problema de algumas agências, por isso não vou me estender nesse tópico. Vou me ater à descrição dos passeios.

Mangue Seco: A van - empresa de turismo Cristal - passa na pousada e segue até a chamada Praia do Saco. Se você contratou o passeio para Mangue, você não fica aqui, a parada é apenas para desembarque para quem comprou o passeio para a tal praia, especificamente. Feito o desembarque, seguimos viagem até o Rio Piauí, onde pegamos uma embarcação até Mangue Seco. Uma vez no vilarejo, contrata-se um bugue (leia o meu post linkado acima para entender por que o bugue não tá incluído), o qual segue por algumas dunas, três paradas para fotos e, em seguida, parada numa praia para almoçar e ficar curtindo, em tese, o mar. Você não pode escolher nada, qual restaurante comer, qual praia visitar, é tudo empacotado e, pior, feio. Eu não gostei nem um pouco do passeio até Mangue Seco, provavelmente pelas altas expectativas criadas. Não volto. Aliás, só voltaria com uma turma muito boa, de graça e de carro, para poder explorar mais. Do jeito que foi, não me pegam mais. Ah sim, não me animei a voltar no dia seguinte para a tal Praia do Saco. Os que foram até que elogiaram, mas não senti tanta empolgação. Casais em lua de mel, aí tudo são flores.
Uma das paradas para fotos antes da praia

Disseram que já apareceu em novela. Não me lembro.

Ok, são folhas, natural, mas mais adiante vi até uma porta de geladeira abandonada. Faltou a foto...

Foz do Rio São Francisco: (fiz esse passeio com a Nozes Tur).
Creio que esse não seja possível fazer de carro, pois mesmo que haja um grande percurso na estrada até Brejo Grande, de lá é preciso ir numa embarcação – meio óbvio né. Pode até ser que uma lá em Brejo seja possível contratar algum barqueiro ou até mesmo entrar em algum grupo de agência, mas isso eu realmente não sei, não fiz e não vi ninguém fazendo. Melhor se informar antes. Assim como sempre é, chegando no local de embarque, já somos conduzidos a um restaurante; não há opção de escolha. O cara do restaurante lhe apresenta um cardápio com poucas opções de almoço, todos os pratos a R$ 35 (sem bebida), mais uma vez, escolher não é uma opção (soou estranho, mas é assim mesmo, entenda o contexto). Eu pedi peixe em posta, carne eu como no Sudeste. Você faz o pedido antes do passeio para que tudo esteja pronto na volta. Beleza, fomos.

Éramos apenas cinco pessoas – eu deveria ter ido no dia anterior, mas ninguém mais se interessou. Chovia, o que de cara já mostrava que o passeio ficaria comprometido. O catamarã era bem, digamos, mambembe. Duas mesas de plástico, com quatro cadeiras cada. E só. Nada de deck superior para fazer o rico, nada de bancos estofados. Nada. Tinha lá as cervejas, caipirinhas, porções para pedir, mas não me animei. Fiquei na água com biscoito mesmo. E choveu, torrencialmente. Fotos prejudicadas, mesas molhadas, todos encolhidos no canto – ainda bem que éramos apenas cinco pessoas. O desânimo foi tanto que, ao chegar no local, todos concordaram em ficar apenas meia hora por ali, pois sem sol a razão do passeio deixou de ser. Sim, vimos a foz, a paisagem deve ser deslumbrante com o tempo aberto, dá pra nadar no rio, tem até uma lagoa no meio da duna. Só que não rolou. Antes um trecho para pode explorar – afinal, já estava ali – e fotografar, mas os trinta minutos foram suficientes.

Se um dia voltar a Maceió, me informarei para retornar à foz vindo de cima. Quero ver aquele lugar com sol a pino.
Pois então. Aqui, o São Francisco. Adiante, as ondas do Atlântico.

Pense nessa foto com um céu limpo, sol forte. Pois é...

Centro de Aracaju: Não sei você, mas em viagens eu gosto muito de ir para onde os locais frequentam, ver o dia a dia deles, no ir e vir do trabalho, nas compras, nas ruas, ouvir os sotaques e as gírias, me misturar como se fosse um deles. Claro que nesse caso não há necessidade de agência, acho que nem oferecem esse passeio. Basta um pouco de disposição, um celular com gps e pronto. Estudei o mapa antes de ir, peguei um circular e segui para o Centro (no meu blog Decerto tem um relato sobre minha experiência com os circulares de Aracaju, com valores e tudo mais).
   
Ao fundo, lado esquerdo, palácio do Governo do Estado do Sergipe.

Não sei você, mas eu gosto muito de estar entre os locais. Acho um dos pontos altos da viagem.
Lá conheci o excelente Museu da Gente Sergipana, o qual tem entrada gratuita (infelizmente, não sei o que fiz, mas as fotos do museu se perderam ao subir todas para a nuvem...). Vale muito conhecer o local. Só não vai ser interessante para aqueles que viajam para tirar selfie e tentar causar inveja no vizinho. Quem vai para realmente conhecer o seu país, deve visitar esse local. Também visitei o Centro Cultural de Aracaju, também gratuito e com visita guiada; menos atraente que o Museu da Gente, mas isso porque fui durante a tarde de um dia de semana. Existem vários espaços para eventos, como sala de projeção, teatro, biblioteca, então acredito que existam muitas coisas boas para se ver e fazer ali, basta dar a sorte de estar na cidade no período em que elas acontecem.


Outro ponto a ser visitado: Mercado Municipal. Uma festa para os olhos e para os ouvidos. O de São Paulo é mais “gourmet”, mais pra inglês ver, eu acho (não que seja ruim, gosto muito); já o de Aracaju é do povo mesmo, onde se vende e se compra de tudo. Além das frutas e legumes, claro, roupas, cereais a granel (castanhas!), eletrônicos, uma variedade monstro de peixes e demais seres aquáticos e os restaurantes que servem comida local, nada maquiado para turista de CVC – nem preciso dizer que não vi nenhum turista ali, né? Eu gostei muito da experiência. Perto dele há um outro ponto, uma mercado de artesanato, cheio de lugares para, quem gosta, se esbaldar nas compras. Toda a sorte de artesanato, barracas de doces caseiros, queijos, flores e até animais de pequeno porte à venda. Fiz todos esse lugares a pé, depois de ter vindo do centro de ônibus.

Eu cheguei a cogitar a ir para Laranjeiras ou São Cristóvão, duas cidades históricas próximas a Aracaju, mas acabei focando nesses passeios – e também queria tempo para flanar pela cidade – acabei não indo. Ainda não sei se me arrependi ou não.

- De volta à orla:
Com relação às bicicletas, Aracaju tem a “Caju Bike”, que nada mais é do que o mesmo sistema de aluguel de bicicletas existente no Rio de Janeiro, a única diferença é a cor azul em referência ao patrocínio da NET – no Rio o Itau patrocina, por isso laranja. Embora tenha um aplicativo próprio, todo o processo é idêntico ao do Rio, sendo que nem precisa fazer um novo cadastro, basta usar login e senha do Bike Rio e voilà. O problema é que são poucas estações na orla, outras tantas ficam pelo Centro; acontece que para sair de Atalaia de bicicleta até o Centro não há ciclovia e todo mundo sabe bem o que acontece quando um ciclista resolve dividir espaço com motorista. Ou seja, melhor não. Ainda assim vale o aluguel, como disse mais de uma vez, a orla é muito agradável e pedalar por ela torna-se algo bem agradável.
Essa ciclovia, cuja extensão é minúscula está na praia de Aruana, bem a frente de Atalaia, sentido sul. Não existe uma dessa ligando a orla ao Centro...

No fim, esse post acabou ficando apenas como um complemento dos posts que eu já havia feito no meu outro blog, o qual creio eu, já que chegou até aqui, já deve ter conhecido. Não é muito do meu feitio fazer isso, separar as informações em dois blogs, mas como dessa vez eu resolvi fazer os relatos durante a viagem, acabou ficando desse jeito. Então, basta um pouquinho de paciência para ficar clicando aqui e acolá que no fim dá tudo certo.

Caso precise de mais alguma informação, só entrar em contato, seja pelos comentários, e-mail ou Facebook. Podendo ajudar, faço de bom grado.

Grato pelo acesso e por chegar até aqui.

Enfim. É isso.



segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Sozinho em Maceió

            Estive em Maceió entre os dias 26 e 30/10/2013. Peguei céu nublado apenas uma manhã, quando fui fazer o passeio para a Praia do Gunga, mas sem chuva e logo depois do almoço o céu abriu. Pela experiência, a partir de setembro, até março, dá pra ir pra qualquer lugar do nordeste sem risco de chuva. Se chove, é aquela coisa muito rápida, que mal molha o asfalto.
            Antes de postar as informações, vou dissertar um pouco sobre a capital alagoana. Como em todo o Nordeste, a hospitalidade e simpatia do povo sempre merece destaque; Maceió não é diferente. Aliado a isso, está o baixo custo das coisas, especialmente se comparado ao Rio de Janeiro, por exemplo. Fazia tempo que eu queria conhecer Maceió, mas sempre acabei indo para outros destinos. Nesse ano eu decidi que iria e pronto.
            Quando estava organizando toda a viagem, me dei conta de que teria que segurar os gastos; dessa forma, já fui sabendo que não conseguiria aproveitar a cidade e os arredores de forma completa. Fiz apenas um passeio, aquele que eu considerava imprescindível. Resultado: voltei pra casa já querendo voltar. Na próxima, aproveito e combino Aracaju, vou com tempo e dinheiro suficientes para explorar tudo que eu não pude dessa vez. Bom, melhor começar o que interessa logo e, conforme os itens forem surgindo, me aprofundo mais em cada um.

- Onde ficar:
         Maceió – até enquanto eu escrevo aqui – tem dois hostels da HI www.hihostelbrasil.com.br. Pode ser que tenha outros que você encontre em www.hostelworld.com. Ultimamente ando ficando em hotel/pousada, pois passei a apreciar mais a privacidade e o conforto, por isso fiquei em hotel (e também porque achei uma promoção imperdível). Porém, posso opinar sobre a localização da hospedagem. Eu fiquei em Pajuçara, na orla, e não tenho do que me queixar. Perto de restaurantes, farmácia (não vi supermercado) e alguns minutos de caminhada de Ponta Verde. Numa ordem de preferência pelo que eu vi lá, eu organizaria os bairros para se hospedar nessa ordem: Ponta Verde, Pajuçara e Jatiúca. Fora desses três, creio que fique fora de mão, longe da praia. Embora Jatiúca eu tenha conhecido apenas um pedacinho, nas minhas pesquisas antes de viajar, eu notei que é um bairro com várias opções de restaurantes e bares, me pareceu ter uma vida noturna mais interessante. Ponta Verde tem o trecho com melhor estrutura na praia, com mais barracas e mais movimento. Pajuçara tem mais opções de hospedagem e fica muito perto de Ponta Verde. Aí fica a critério de cada um.
Pajuçara. Depois da curva à direita, Ponta Verde. Jatiúca fica além da curva à esquerda.

            O aeroporto fica afastado do centro da cidade, mas o táxi lá não é tão caro (e aqui peço desculpas, pois não anotei o valor da corrida). Tem ônibus para a orla, mas aí vai ter que se informar, não faço ideia dos números e das linhas. Pra vir até Pajuçara, levou meia hora, mas pra voltar foi quase uma por conta do trânsito – lá eles dirigem mal pra caramba. Tenha isso em mente. Se for usar ônibus então, considere perder ainda mais tempo.

- Praias urbanas:
            Na verdade, é uma praia só, não existe uma divisão natural entre as praias, não dá pra saber onde começa uma e onde termina outra. A orla é uma das mais “ajeitadas” que eu já vi. Não sei como era antes, mas hoje ela é bem atraente, com calçadas largas, pista de bicicleta e corrida e um visual muito bom. Pena que não deram a mesma atenção ao problema do esgoto lançado na praia (falo mais sobre isso já, já).
Pajuçara é onde ficam as jangadas, aguardando quem quer fazer passeio até umas supostas piscinas naturais em alto mar. Digo supostas, pois o que li sobre antes de ir me disse que não tem atrativo algum, ainda mais se você já esteve em Maragogi. Talvez valha pelo passeio de jangada em si, ver a cidade de um novo ângulo. Eu não fiz. Aqui as pessoas ficam na areia também, existem algumas barracas com comes e bebes, mas quando fui esse trecho estava cheio de sargaço na arrebentação, aquelas algas escuras tomando conta da areia. Preferi seguir em frente.
As algas em Pajuçara...
Ponta Verde é o lugar ideal para passar o dia na praia. Aqui eu destaco a barraca do Seis Horas e da Ozana. Super barato – duas cadeiras, guarda-sol, banqueta para cerveja e até cesto de lixo, por míseros quatro reais. Como se isso não bastasse, tem a simpatia dos proprietários, super atenciosos, daquele tipo que conquista o cliente com facilidade. Quer mais? Tem ducha de água doce ligada o tempo todo na areia. O único porém é que, segundo o Seis Horas, a prefeitura determinou que eles encerrem tudo às cinco da tarde...
No calçadão de Ponta Verde ficam as duas ‘barracas de calçadão’ mais famosas de Maceió: Kanoa e Lopana. A Lopana percebe-se que é a “top”, frequentada pela sociedade e isso se reflete nos preços, é carinha, especialmente para os padrões maceioenses. Porém, ainda assim vale conhecer, pois o ambiente é agradável. Já a Kanoa me pareceu um pouco mais democrática, mas como não consumi nada ali, não sei dizer se é mais barata. A Kanoa serve como referência para achar a barraca do Seis Horas, pois esta fica logo ao lado dos guarda-sóis verdes da Kanoa – os do Seis Horas são amarelos.
Dentro do mar de Ponta Verde
Jatiúca fica mais a frente de Ponta Verde, depois da curva (chegando lá vai entender). Tem uns restaurantes na orla, mais do que Ponta Verde, mas eu particularmente não simpatizei muito. O mar estava com muito sargaço, tanto que até o cheiro deles chegava ao calçadão – mas ainda assim tinha um povo dentro d’água. Fui caminhando para conhecer, mas não empolgou e voltei rapidinho para Ponta Verde.
A cor do mar realmente é linda em Maceió, um verde/azul raro de se ver em outras praias. Eu não sei como essa cor se mantém, pois um grave problema é o lançamento de esgoto direto na praia. Em alguns trechos existem umas verdadeiras línguas negras que embrulham o estômago – do ladinho da Lopana tem uma, mas a ‘sociedade’ finge que nem vê. Quando sobrevoei a orla ao sair de lá, eu vi lá do alto um rio negro mesmo, em direção ao mar. Triste. Não é à toa que sempre alertam para a péssima qualidade da água. Bom, pelo menos ali perto do Seis Horas não tinha nada disso, até por que se tivesse eu não entraria na água.
 
Não é triste?
- Passeios:
            Ok, estou ciente do subtítulo do blog, mas não encare isso como uma contradição. Fazer os passeios com agência em Maceió me parece ser mais prático e barato. Se tem grana disponível, está viajando em grupo, aí até vale alugar um carro e percorrer toda a costa alagoana mas, viajando sozinho como eu fui, isso encareceria demais a viagem.
            Eu fiz o passeio que passa pela Praia do Francês, Barra de São Miguel e termina no Gunga. Quer um conselho? Não faça esse passeio num domingo. Sério. Francês e S.Miguel estavam insuportavelmente “farofadas”, muita gente, muito barulho, muita sujeira. Ainda bem que foi só uma ‘passada’ mesmo, o foco era a Gunga, pois se tivesse que passar o dia em alguma dessas outras duas praias, eu voltaria correndo pra Ponta Verde.
Barra de São Miguel
            O passeio custa R$ 30, só o transporte, mais nada incluso. Uma vez em Barra, você pode pagar R$ 25 e embarcar num barco e ir pela praia até Gunga. Como estava nublado quase chovendo, não quis pagar e fui até Gunga com o ônibus mesmo, junto com outras pessoas do grupo. Quem fez o passeio disse que curtiu, pois vai por águas rasas e para num bar molhado no meio do caminho. Mesmo assim não me arrependi...
            A Praia do Gunga vale a fama, eu gostei do visual, do mar bem gostoso pra banho e, mesmo sendo domingo, não estava abarrotada de gente, ficamos confortáveis na barraca, perto do mar. A intenção do passeio, pra mim, era conhecer essa praia e posso dizer que valeu a pena.
É bonita, vai.
            Com relação às agências, na própria hospedagem você consegue indicações. Eu recebi dois panfletos no hotel e ambas tinham os mesmos preços, não creio que existe muita diferença; se mesmo assim resolver pesquisar melhor, basta dar uma caminhada pela orla durante a noite e verá várias ofertas.
            Passeios que eu gostaria de ter feito, mas não tinha grana pra fazer: foz do São Francisco, Cânions do São Francisco, Day use no resort Capitão Nicholas com uma possível esticada até Carro Quebrado. Tem ainda Maragogi, mas esse eu já fiz anos atrás (com grana, faria de novo, pois é lindo). Falando nisso, um aviso importante: se for fazer Maragogi, certifique-se antes sobre a tábua das marés, se o horário que sai o passeio garante que a maré esteja baixa quando chegar no local. Maragogi com maré alta é FURADA!! Eles oferecem um city tour, mas eu acho besteira. Pensei em ir até o centro da cidade para conhecer, mas como Maceió nunca me chamou a atenção por esse aspecto, confesso que nem me dei ao trabalho... Entretanto, recomendo – para quem gosta – caminhar até o fim de Pajuçara e entrar numa avenida em direção ao porto. A prefeitura está revitalizando a área e todos os muros dessa avenida estão recebendo umas ilustrações muito bacanas. Quando estive lá, os pintores estavam a todo vapor e já tinham concluído boa parte das obras.

- Comer e beber:
            Como sempre, para saber sobre baladas, procure outra fonte. Eu viajo para aproveitar o dia, não me sobra dinheiro e disposição para passar a noite em claro. Logo, se quer dicas de festas, clubes, “night”, ‘fuén’ pra você.
            Eu consegui dicas de vários lugares para comer com o Ricardo Freire (www.viajenaviagem.com.br). Alguns eu consegui visitar, outros também ficaram para próxima vez. Vamos aos que eu conheci:
Sueca Comedoria: fica em Pajuçara, na orla (não memorizei o nome da avenida, mas não terá dificuldade). Self-service com boa variedade, mas achei o preço meio salgado, tanto que só fui uma vez. Não abre para o jantar – pelo menos as vezes em que passei em frente durante a noite estava fechado.
Parmegianno: Super recomendado, em mais de um blog. Quando fui, entendi a razão: muito bom. Embora seja ‘a la carte’, os pratos são servidos para uma pessoa também, o sonho de qualquer viajante ‘solo’. Eu comi um salmão com maracujá, veio com arroz e batatas, uma bela porção, muito bem preparado e com um preço excelente! É um restaurante que vale a fama e o sucesso que tem.
Bodega do Sertão: não sei quem veio primeiro, se ele ou o Mangai de João Pessoa. Só sei que um se inspirou no outro. O Mangai é de longe muito melhor, mas o Bodega não é um desastre. A única semelhança está no preço, alto. Vale visitar, conhecer, mas não é imperdível. Fica em Jatiúca, perto da pria; paguei R$ 10 numa corrida de táxi e depois acabei voltando a pé pela orla, sem problema algum.
Interior do Bodega
Sorveteria Bali: tinha uma pertinho do hotel e também vi um quiosque no calçadão de Jatiúca. Sorvete bem gostoso, com uma enorme variedade de sabores. Também vale a visita.
            Um lugar que queria ter visitado, mas creio que sozinho não teria muita graça, por isso não fui, é a Casa de Chopp Alagoana. Pelo site e pelas fotos me pareceu um boteco quase carioca, estilo de lugar que eu mais aprecio conhecer. Fica em Jatiúca, não muito longe do Bodega, mas como disse, ir sozinho talvez não fosse uma boa pedida... Vale mencionar também que Lopana e Kanoa também funcionam durante a noite, com música ao vivo e tudo.  
            Bom, acho que fico por aqui. Foram poucos dias na capital alagoana, mas ao menos pude finalmente conhecê-la e ficar com vontade de retornar. Na próxima irei com melhor planejamento – leia-se mais dinheiro – e farei tudo o que não fiz dessa vez. Faltam apenas duas capitais do Nordeste pra eu conhecer, mas entre as demais, Maceió está entre as que mais gostei, ficando bem à frente de outras mais badaladas. Fico na torcida para que o poder público do município invista ainda mais na conservação das praias, pois se estando como estão já atraem muitos turistas, imagino em melhores condições, sem aquelas línguas negras horríveis. Falando em turistas, uma coisa me chamou a atenção: a inexistência de estrangeiros. Ok, pode ser que houvessem gringos por lá – afinal não percorri cada centímetro quadrado – mas não vi nenhum, seja na praia, no passeio, no hotel, restaurante, nada. Algo me diz que eles preferem as praias mais, digamos, remotas, como Pipa, Jeri e Morro (essa última só dá argentino).
Não deixe de passar uma tarde aqui. Vale.
            É isso. Precisando, só pedir. Se eu puder, ajudo com gosto.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Sozinho em Morro de São Paulo

A recomendação de sempre: o texto reflete a minha opinião sobre o lugar, sobre a experiência. Tenha o discernimento de absorver sob o seu ponto de vista, levando em conta o que você gosta. Aquilo que foi bom pra mim, pode não ser para você e vice-versa. 
Estive em Morro entre os dias 20 e 25/10/2013, logo se vai em outra época, é melhor checar o tempo antes. Calor deve fazer sempre, mas me falaram que quando chove, chove muito. Fique atento.

- Como chegar
São três as formas de se chegar até Morro de São Paulo: aéreo, semiterrestre e marítimo. Informações atualizadas podem ser obtidas aqui: http://www.morrodesaopaulo.com.br/
à Aéreo: existem vôos saindo do aeroporto de Salvador para Morro, naqueles aviões menores, tipo ‘teco-teco’. Eu cheguei a pesquisar na época, mas são vários os empecilhos: preço elevado, número mínimo de passageiros, condições climáticas. Além disso, quando estava em Morro, ouvi a dona da pousada dizer para uma hóspede, ao telefone, que a ANAC havia suspendido os vôos por tempo indeterminado. Ou seja, melhor não cogitar essa opção.
à Marítimo: esse é o mais utilizado. Primeiro por ser mais rápido (duas horas e meia) que o semiterrestre (quatro horas), segundo por ser mais prático em termos de logística, dá pra se virar sozinho (compra a passagem no terminal marítimo e pronto). O problema fica por conta do risco de passar mal durante a viagem. Li inúmeros relatos de pessoas que perderam o resto do dia por conta do enjoo, ou porque tomaram Dramim antes de ir e só queriam saber de dormir assim que chegaram na ilha. Li, também, que o trajeto para voltar a Salvador é ainda pior, uma vez que se navega no sentido oposto à corrente marítima - ou algo do gênero. Outra coisa que precisa ser observada nessa forma de transporte, é a antecedência na aquisição da passagem; caso vá num fim de semana ou feriado, as chances de você chegar no terminal para comprar a passagem para o próximo horário e não encontrar mais nada, são grandes. Conheci um gringo em Morro que passou por isso, só conseguiu passagem para um catamarã que sairia dali horas mais tarde. No link que passei ali em cima, existe todos os horários das embarcações, preços e até mesmo o site para pré-reserva (ou compra definitiva, não sei) da passagem.
à Semiterrestre: foi a forma que eu optei. Preferi assim, pois se fosse via catamarã, eu sei que passaria muito mal, por isso resolvei não arriscar. Eu contratei o traslado pela Zulu Turismo (no link também tem o contato deles). Paguei R$ 170,00 antecipadamente – ida e volta – e eles me enviaram os vouchers do transporte. Foi assim: eles me pegaram no hotel bem cedo (atenção, verifique antes o trajeto do traslado, pois eles não passam em todos os bairros de Salvador e dependendo de onde for sua hospedagem, você pode ficar fora dessa ‘área de cobertura’ do serviço), e até pegar os demais passageiros, levamos uma hora para chegar no terminal marítimo. Uma vez lá, eles colocaram no meu pulso e na minha mala uma pulseira daquelas de balada, para identificar o grupo. Com a pulseira, não precisamos encarar a fila enorme que se estendia até a rua, muito menos nos preocupar com passagem, taxa de embarque e tal. Uma vez dentro do barco, foram quarenta minutos até Itaparica, numa viagem tranquila, sem qualquer problema. Chegando em Itaparica, as malas foram acomodadas numas carretas e embarcamos em vans com ar condicionado, com destino à Ponta do Curral, em Valença. Demorou mais de duas horas esse trajeto, ora em estrada boa, ora em trechos bem danificados. Chegando na Ponta, embarcamos as malas em uma lancha rápida e depois de quinze minutos, finalmente chegamos em Morro. Tempo gasto no semiterrestre, da porta do hotel até o desembarque em Morro: quatro horas. Vale lembrar que a Zulu tem horários para clientes que saem/vão direto para o aeroporto e outro para os que estão hospedados em Salvador. Informe-se bem sobre isso antes de fechar o traslado.
Chegando em Morro
             Dependendo do horário em que seu voo chega a Salvador, é possível ir direto para Morro – o serviço de traslado tem horários saindo do aeroporto. Eu, porém, preferi reservar uma noite num hotel em Salvador, no bairro Rio Vermelho, tanto na ida quanto na volta. Primeiro porque os horários de voo disponíveis para Salvador, caso eu resolvesse ir direto, iriam fazer com que eu esperasse muito tempo depois do desembarque, teria que sair da minha cidade ainda de madrugada, ou seja, seria extremamente cansativo. No passado, quando comecei a viajar, fiz muito disso, dormir sentado em rodoviária e em aeroporto e, justamente por saber como é, resolvi que não quero mais isso pra mim. Com o tempo passamos a ficar, digamos, mais exigentes com o conforto. Na volta a situação foi parecida, os horários de voo para o meu próximo destino não combinavam com o horário em que chegaria em Salvador. Se tivesse optado por ir direto para o aeroporto, mas furasse um pneu da van que fosse, eu correria o risco de perder o voo. Isso sem contar no cansaço. Resumindo: dá pra ir até Morro sem precisar dormir em Salvador? Dá, mas se informe muito bem sobre os horários e leve em conta os imprevistos.
             Chegando a Morro, você terá que pagar uma taxa de R$ 5,00 assim que cruzar o portal, a famosa taxa de preservação. Sinceramente? Pelo menos ali eu acho que o dinheiro está sendo convertido em benefícios ao local sim. Morro é bem estruturado. Ao sair, tem que fazer um novo pagamento, de míseros R$ 0,82; não me pergunte o porquê desse valor irrisório e ‘quebrado’. Fica o alerta para você guardar umas moedas para sair da ilha. Já pensou se só tem cinquenta reais na carteira?

- Onde ficar:
Por ser um local muito turístico, Morro possui hospedagens para todos os gostos e bolsos. Tem desde o hostel mais simples até a pousada mais luxuosa, espalhados pelos mais diversos pontos. Vou comentar separadamente as hospedagens e as localizações.
Dessa vez eu resolvi ficar sozinho em uma pousada, para ter mais privacidade e sossego; antes de ir, entretanto, eu cheguei a pesquisar quartos privativos em hostels, na esperança de que mesmo assim ficasse mais em conta. Infelizmente, só ficando em coletivo mesmo para fazer uma boa economia – e olhe lá. No fim das contas, acabou sendo mais vantajosa mesmo a pousada.
Existe um hostel da HI – Escorregue no Reggae – o qual, pelas fotos, me pareceu ser um lugar bacana, bem dentro dos padrões da HI mesmo. O preço do coletivo também estava dentro do normal praticado Brasil afora, mas eu não reservei ali por conta do preço do privativo que era quase o mesmo da pousada em que fiquei e a localização não me pareceu muito atraente, embora depois eu tenha ido até lá e visto que não é assim tão longe da praia como eu pensei. No caminho para o Escorregue, eu passei em frente ao Che Lagarto. Nunca me hospedei num da rede Che, pois nos comentários dos sites eles sempre foram retratados como um hostel de ‘balada’, mais agitado e abarrotado de gringo; depois que vi as instalações do Che em Ilha Grande então... Acontece que o Che de Morro, pelo menos o seu exterior, me pareceu muito diferente da imagem que eu tinha da rede. Creio que a marca passou por uma reformulação, pois a fachada do hostel estava renovadíssima, com um excelente aspecto. Claro que não pude checar o interior, as instalações, tamanho do quarto, número de beliches e tal, mas pelo que vi do lado de fora, me atrevo a dizer que recomendo. Ok, por fora é uma coisa, dentro pode continuar um lixo. Faz assim, visita o www.hostelworld.com e lê os comentários sobre o Che – e sobre os demais hostels que encontrar em Morro. Pela localização do Che e pelo aspecto exterior, eu recomendo, sim.
Eu fiquei hospedado na Pousada Borakay, na rua principal de Morro. Fiz a reserva pelo www.booking.com, pois gostei do preço e das imagens. Não me decepcionei. Claro que me colocaram no quarto virado para os fundos da pousada – quarto do Booking/Decolar é sempre assim, não conte com vista para o mar, jamais. No ato da reserva, o site dizia que eu pagaria tudo no momento do check-in, no cartão de crédito. A pousada acabou cobrando metade logo depois da reserva, deixando para cobrar a outra metade na minha chegada. Embora não tenha sido essa a informação do site, eu não reclamei, pois pra mim acabou sendo melhor, dividir o valor em duas vezes. Fica o alerta, pode ser que isso aconteça com você também.
Como disse, a Borakay fica na rua principal e isso é o trunfo dela, na minha opinião. Existem pousadas na segunda, terceira e quarta praias, na estrada da Fonte Grande, na Biquinha, por toda a ilha. Dê preferência para as que ficam na rua principal (chamada de Caminho da Praia) ou no início da Fonte Grande (onde fica o Che Lagarto) ou, no máximo, até a segunda praia. O movimento noturno fica concentrado entre a praça onde começa a Caminho até a segunda praia. Ok, com exceção da quarta praia, tudo fica perto, basta apenas uma leve caminhada – e uma ladeira, caso venha das praias para o centrinho.
Para entender melhor, saiba que em Morro existem os taxistas da carriola. Isso mesmo, carrinho de mão com a inscrição ‘táxi’. Por quê? Assim que você chega em Morro, obrigatoriamente vai ter que subir uma baita ladeira, bem íngreme; se estiver hospedado a partir da primeira praia, vai ter que descer uma outra ladeira igualmente íngreme e depois, claro, na volta, subir ela todinha com as malas – caso seja daquelas pessoas que levam a casa na bagagem. Os caras cobram um valor dependendo do volume e levam tudo ladeira acima/abaixo nas carriolas. Eu cheguei a ver uma senhora ser levada no ‘táxi’, já que usava uma bengala e não conseguiria subir tudo aquilo sozinha. Da primeira ladeira ninguém escapa. Enfim, na minha opinião, não só por conta de se locomover com as bagagens, mas para circular nos pontos de interesse de Morro, a melhor opção de hospedagem é na rua principal (Caminho da Praia) ou na estrada da Fonte Grande.

- Praias:
            Em Morro são quatro as principais praias, as que tem o acesso mais fácil. Elas são chamadas de Primeira, Segunda, Terceira e Quarta. Até ouvi falar na Quinta, mas fica difícil saber onde ela começa e onde termina a anterior (uns turistas disseram “praia um, praia dois”; eu ri). A Primeira é bem pequena, com muitas pedras e o mar com algumas ondas; eu não entrei na água ali por conta das pedras e confesso que não vi muitas pessoas por ali também. A Segunda é a que se pode chamar de principal, pois é onde ficam concentradas as cadeiras e barracas, tem vários restaurantes e pousadas; o mar aqui é SUPER calmo, sem correnteza alguma, mesmo na maré alta, pois ela é toda protegida por pedras/corais. No fim de semana é onde o povo da farofa se instala e adeus sossego. A terceira não é boa para banho, pois muitos barcos param ali para trazer suprimentos para a ilha e na maré alta a faixa de areia some. A quarta é a mais linda. Você pode caminhar por ela até se cansar e provavelmente não vai ver onde termina. Com a maré baixa, a água fica incrivelmente azul, transparente, um mar muito calmo, onde dá pra você avançar muitos metros para dentro e ficar com água nos joelhos. Para quem curte mar calmo, sem ondas, Morro é o paraíso. Já aqueles que, como eu, preferem umas ondas para deixar a coisa mais divertida, vai ficar entediado em pouco tempo.
Segunda Praia
            Existem ainda a praia da argila e Gamboa, ambas acessíveis por uma trilha de dificuldade baixa/média (depende do seu condicionamento físico). Eu cheguei até a que eu acredito ser a da argila, mas não vi nada de diferente, preferi voltar e ficar na segunda mesmo.

- Passeios:
            Eu fiz apenas um passeio, o volta à ilha, passando por Boipeba e Cairu. Ficou bem abaixo das minhas expectativas, pois tinha Boipeba como um paraíso; quando vi as águas de Morro, já fiquei impressionado, então imaginei que Boipeba seria ainda mais surreal. Ledo engano. Ok, não é horrorosa, mas não vale a fama que tem. Antes de Boipeba, o barco para nas piscinas de Moreré. Não sei se era a lua, vento, mas as águas não estavam transparentes e eu não vi nenhuma vida aquática que valesse o registro. Depois de Boipeba, há uma parada rápida em Cairu, para visitar o museu de Santo Antônio. Confesso que nem entrei. Cidade minúscula, bem interiorzão mesmo, sossegada até dizer chega. O caminho de volta para Morro me lembrou muito o passeio que fiz pelo Rio Preguiças em Barreirinhas/MA, um visual bem interessante, vegetação abundante, água doce, nem parece que você saiu de casa para ir à praia.
            Não vi nenhum outro passeio atraente. Quem curte ou tem vontade, existe a possibilidade de fazer mergulho de cilindro em Morro. Não perguntei preço, duração, nada, mas é muito fácil achar a agência que faz, pois ela fica bem no caminho entre a primeira e a segunda praia, impossível não ver os caras ali.
 
Pedacinho de Boipeba. À esquerda, é um rio, por isso a água dessa cor.
- Vida noturna:
            Embora eu não seja a melhor fonte para informações sobre vida noturna de onde quer que seja, acho que aqui dá pra deixar ao menos umas informações básicas. Existem dois lugares bastante freqüentados em Morro no fim de tarde, no que eles chamam de “after beach”, Toca do Morcego e Hotel Portaló. Em ambos você vai para curtir o pôr-do-sol enquanto relaxa ouvindo um som ambiente e tomando um “qualquer coisa”.
Toca: Só não abre às segundas, inicia atendimento às 16h30 e vai até tarde; nos fins de semana rola balada (vi flyers e cartazes na ilha). Eles cobram R$ 5 apenas pela entrada (eu presumo que seja pelo wifi, o qual tem melhor sinal se você ficar perto do bar e do caixa); achei os preços dentro do padrão de Morro, já fui preparado. Aceitam cartões e isso é ÓTIMO. Fui todos os dias em que estava aberto para o fim de tarde lá.
Na Toca do Morcego é assim

Portaló: Só fui na segunda-feira, justamente por estar a Toca fechada. Por ser um hotel, as chances de terem casais em lua de mel, com crianças por ali é bem maior. O ambiente também é bastante agradável, preços no mesmo patamar, enfim, como plano b, funcionou. Não cobram entrada nem o wifi, mas a qualidade do sinal é bem ruim.
Portaló
            Morro também tem uma balada mais no estilo clube, chamada Pulsar. Eu não vi funcionando, pois cheguei num domingo e saí de lá na sexta de manhã, provavelmente só tenha atividade nas noites de sexta e sábado – o que eu acho estranho, pois todo mundo que está ali está de folga/férias, então uma balada no meio da semana pode ser interessante. Como disse, não fui, não vi, só passei em frente à entrada (fica ao longo da muralha, no caminho à esquerda do portal de entrada, ou seguindo reto quando se desce a ladeira). Não se preocupe com a localização desses lugares, basta perguntar pra qualquer um ali que eles vão te indicar o caminho.

- Comer/beber:
            Acostume-se: Morro é caro. Um coco custa R$ 5, aí você imagina o resto. Para efeito de comparação, por um guarda-sol e uma espreguiçadeira na segunda praia eu paguei R$ 15; em Maceió, na praia de Ponta Verde, por um guarda-sol, duas cadeiras, mais a gentileza dos donos da barraca em vir molhar meus pés com regadores ao longo do dia, eu paguei R$ 4. Entenderam, né?
            Por ser um destino extremamente turístico e muito procurado por casais em lua-de-mel, tudo é para duas pessoas. Eu achei um restaurante self-service que me ajudou bastante, na economia de dinheiro e a não desperdiçar comida. O nome do restaurante é Alecrim e ele fica na rua principal, do lado esquerdo de quem desce a rua, fácil encontrar. Almocei ali todos os dias e recomendo. Para enganar o estômago existem as vendedoras de tapioca perto da igreja e um baiano vendendo acarajé (o qual eu provei e gostei bastante). Nos demais restaurantes, especialmente os da segunda praia, tudo fica mais caro e, como eu já disse, para duas pessoas. Se você vai ficar em hostel, tem a opção de fazer sua própria comida e tal; vi apenas um mercadinho por ali, mas existe.

            Bom, creio que ao menos as informações básicas eu coloquei aqui. Morro não é grande, então é fácil se localizar ali, escolher os melhores lugares para freqüentar, o que fazer durante a noite. Não sei se já escrevi isso nos parágrafos anteriores (estou escrevendo isso aqui um pouco por dia), mas se me perguntarem, eu acredito que, para valer a pena, a estadia mínima em Morro deve ser de quatro dias – sem contar os dias de chegada e partida. Digo isso, pois achei tão trabalhoso chegar lá, que ficar menos tempo vai parecer muito trabalho para pouco proveito, na minha opinião, pelo menos.

          Gostei de Morro de São Paulo? Sim, gostei. Voltaria? Acho muito difícil. Só se ganhar toda a viagem de graça ou se conseguir reunir um grupo muito bom de amigos, pois assim a experiência será outra, viverei Morro de modo diferente. Do contrário, prefiro voltar para Pipa. Ou para Jeri.


            É isso.

sábado, 13 de julho de 2013

Sozinho em Montevideo

     Depois de um longo intervalo, voltei. Como sempre, antes das informações, gosto de deixar umas observações que melhoram a forma como você pode absorver e aproveitar as dicas que exponho aqui. 
           
     Eu estive em Montevideo (prefiro escrever assim, pois é o correto – você não gosta que os gringos chamem seu país de BraZil, não é mesmo? E nem chama Buenos Aires de “Bons Ares”...) entre os dias 04 e 09 de julho de 2013, ‘invernão’. Logo, se vai pra lá em outra época, muitas coisas poderão não servir para você.

     Embora muitas das atrações estejam no Centro e na Ciudad Vieja (fui pra lá todos os dias), eu fiquei hospedado no bairro de Pocitos. Não me arrependi. Montevideo não é uma grande metrópole e é muito fácil utilizar os ônibus para se locomover. Além disso, Pocitos é um bairro muito agradável. Falo mais sobre ele ao longo do texto.

     Está buscando dicas de baladinhas? Da night? Lamento, pode voltar pro Google, pois aqui não vai achar nada. Não que lá não exista isso, mas eu sou a última pessoa para quem deva perguntar sobre o assunto. Sou avesso a baladas (ou boliches, como eles dizem lá). Dependendo do lugar, até rola um barzinho. Mas balada mesmo, sem chance.

     As informações se restringem a Montevideo. Não fui a Colônia, muito menos a Punta ou Cabo Polônio. Se vai para tais lugares, terá que complementar seu roteiro em outros sites.

     Se você já viaja com freqüência, talvez considere muitas informações irrelevantes, óbvias demais. Porém, como um dia todos nós já fomos marinheiros de primeira viagem, penso que alguém assim possa chegar até aqui e, consequentemente, ser beneficiado com as mesmas.

    Para finalizar, o lembrete de sempre: tudo aqui escrito reflete a minha opinião pessoal, meus gostos e desgostos, minhas exigências e minhas tolerâncias. Não escrevo visando um público-alvo – não sou pago pra isso – mas, sim, para compartilhar aquilo que julgo necessário, coisas que eu gostaria de ter lido antes de viajar, mas não encontrei. Não sou dono da verdade absoluta (ela existe?), mas sou dono da minha verdade.

     Dito isso, vamos ao que interessa:

- Chegando e saindo:
     Não há segredo. Como a companhia aérea uruguaia – Pluna – não existe mais, sobram poucas opções para voar até lá. Embora tenha milhas na GOL, acabei comprando passagens da TAM, pois os horários desta são muito melhores, além de serem vôos diretos – na GOL existem vários com conexão em Porto Alegre. Se morasse na capital, talvez fosse com a GOL, mas como não é o caso, optei pela vermelha mesmo.

- Frio:
     Quando eu fui, estava bastante frio. Pela localização às margens do Rio da Prata, sobe um vento de cortar os ossos. Luvas e cachecol são bem importantes. Eu não gosto de gorro, mas confesso que fez falta. Eu aconselho levar tanto roupas que aquecem como outras que protegem do vento. Se tem alguma peça de couro, essa é a oportunidade de usar. Porém, ao contrário do Brasil que é frio até dentro de casa, eles tem calefação nos ambientes. Sendo assim, o ideal é sair pra rua no esquema "cebola", com pelo menos a última blusa no tipo casaco, fácil de tirar e por. Assim que entrar num restaurante, vai querer tirar ao menos uma peça e nessas horas o esquema de cebola ajuda. Eu achava que apenas manteiga de cacau fosse suficiente para a boca mas, acredite se quiser, mesmo com o tempo nubladíssimo nos primeiros dias, fiquei com aquela sensação de 'mormarço' na pele. Imagino alguém mais branquelo... Leve a manteiga de cacau e, por que não, até mesmo um protetor para o rosto. Também aconselho proteger ouvido, nariz e boca, mesmo que não ache que está assim tanto frio. Eu não fiz isso e como resultado cheguei em casa com a garganta inflamada e 38 graus de febre. Três injeções para resolver...

- Seguro viagem:
     Ao comprar as passagens, eu fiz o seguro da Mondial – www.mondialtravel.com.br – na mesma compra. O preço é o mesmo, fica a seu critério comprar junto ou mais próximo da viagem. Eles não exigem que você apresente nada disso e eu confesso que até me esqueci que tinha, mas vai que você precisa de um atendimento de urgência? Vai por mim, faça. É barato e pode poupar você de uma dor de cabeça imensa – chegou a ver o caso das senhoras que se acidentaram na Turquia, nos balões? Então...
     Eu aconselho a, assim que o seguro enviar a você o contrato e demais documentos do seguro, fazer o seguinte: salve no seu computador todos os arquivos, mande os mesmos para um e-mail que você possa acessar com facilidade de qualquer lugar (hotmail), leve uma cópia impressa com você (dependendo da emergência, pode não ter internet por perto) e deixe outra cópia com alguém da sua casa. Assim, caso dê merda, pelo menos você sabe para onde correr e com quem contar.

- Imigração/Polícia Federal:
     A regra é clara: líquidos, apenas em embalagens de 100 ml (o oficial em Guarulhos fez eu tirar meu Close-Up líquido da bolsa para conferir) e, de preferência, embaladas individualmente naqueles saquinhos tipo “zip-loc”. Se é fumante, diga adeus ao seu isqueiro – se tem um Zippo ou outro de estimação, deixe em casa – pois eles barram mesmo, sem choro. Até ano passado, quando fui a Buenos Aires, eles liberavam aqueles menores. Hoje, nada feito. Se tem garrafa de água na bolsa, beba antes, pois eles também não liberam. E isso vale tanto em Guarulhos quanto na volta, em Montevideo.

- Que documento levar?
     Nos países do Mercosul, o RG brasileiro é aceito, desde que tenha no máximo dez anos de expedição e, ÓBVIO, esteja em ótimas condições de conservação. Se não tem passaporte, não tem problema; mas se tem, não custa levar. Um carimbo a mais sempre cai bem. Eu também tenho – e levei – minha carteira nacional de vacinação, por conta da vacina contra a febre amarela, mas em nenhum momento foi solicitada. Mais uma vez, se tem, não custa levar. Vai que...
     Ao embarcar no avião, ainda no Brasil, o comissário vai lhe entregar um formulário para ser preenchido (dica: tenha sempre uma caneta com você, em qualquer viagem, é útil); na verdade são três formulários num papel só. Não se preocupe com o preenchimento, é simples, intuitivo. Se possível, preencha assim que se acomodar e deixe junto com seu documento, para não ter que fazer isso depois que desembarcar.
     Assim que sair do avião, vai, obrigatoriamente, para a fila da imigração. O procedimento é rápido (desde que já esteja com tudo preenchido). Eles vão pedir seu documento e o formulário. Dos três, eles vão destacar um, carimbar um segundo e deixar você com este carimbado e outro menor – se não me engano era uma declaração de que a pessoa não porta nada de origem vegetal e animal, controle sanitário. Pois bem, GUARDE O PAPEL CARIMBADO!!
     Ano passado, em Buenos Aires, como eu estava com passaporte, eles carimbaram o mesmo e não me deram nenhum outro papel. Dessa vez, embora tenham também carimbado o passaporte, me entregaram a guia carimbada. Como eu também havia levado o RG para andar comigo na rua, enquanto o passaporte fica no cofre do hotel, guardei junto, mesmo achando que jamais iria usar. Ainda bem que guardei, pois na saída do Uruguai, mesmo com o passaporte carimbado na entrada, a oficial exigiu o tal papelzinho carimbado. Sorte que estava fácil na bolsa. Já o terceiro papel, o do controle sanitário, não pediram. Enfim, por via das dúvidas, guarde com você todos os papeis que te entregarem aqui e lá. Ah, também é muito importante você guardar durante toda a viagem o comprovante de embarque – aquele pedacinho de papel onde colam a etiqueta da bagagem atrás – tanto o da ida quanto o da volta, pois você vai precisar fornecer o número de voo em mais de uma ocasião (inclusive no Free Shop).
     Na boa? Compre uma pasta de plástico, aquelas com elástico, do tamanho de meia folha de sulfite, e coloque dentro toda a papelada referente à viagem – e guarde a mesma na sua bagagem de mão, não faça a burrice de colocar na mala que será despachada. Fica muito mais fácil e organizado para você nessas situações, do que ter que parar a fila por minutos revirando os bolsos. Eu garanto que é bem mais prático.
     IMPORTANTE: ou passaporte, ou RG com até dez anos de expedição. Nem sonhe que carteira de habilitação, registro profissional (mesmo sendo você da OAB), vão funcionar. Não vão. Mesmo. Não insista.

Aeroporto de Carrasco. Bem-vindo a Montevideo!


- Que moeda levar?
     Se você tem dólares em casa e não tem outros planos para eles, leve, pois eles valem bastante no Uruguai (a cotação estava USD 1 = 20,40 Pesos Uruguaios). Do contrário, leve Reais mesmo que é aceito numa boa, em vários lugares e também com uma boa cotação (quando fui R$ 1 = 8,50 Pesos).
      Assim que passar pela esteira de bagagem, verá uma casa de câmbio. Só troque ali o necessário para as primeiras despesas – táxi, ônibus ou um lanche de emergência no saguão do aeroporto – pois a cotação, ali, é péssima. R$ 1 valiam 7,33 Pesos.
     Já na cidade, é muito fácil encontrar casas de câmbio, embora as do Centro funcionem apenas em horário comercial e fechem nos fins de semana (primeira vantagem de ficar em Pocitos; explico melhor adiante) e a cotação é quase tabelada, a variação é muito pequena de um lugar para o outro. Em Buenos Aires, eles exigiam um documento para efetuar o câmbio. Em Montevideo, não (na casa de câmbio do aeroporto, porém, eles pediram, mas só lá). Mas, como nenhuma pessoa em sã consciência sai às ruas sem documento, isso não será problema mesmo se alguma casa de câmbio pedir, não é mesmo?
     Eu também levei meu cartão de débito habilitado para saques direto na minha conta corrente (ligue no seu banco para fazer isso e, também, habilitar seus cartões de crédito, informando para onde vai, a fim de evitar que eles sejam bloqueados sob a suspeita de clonagem/furto), mas confesso que me arrependi. O caixa eletrônico do aeroporto não funcionou, assim como uns dois ou três mais que tentei pela cidade. No sábado e domingo, muitas agências com caixas “24 horas” ficam trancadas...
     Consegui sacar duas vezes, um saque de 1000 Pesos e outro de 1500. Em ambas vezes, o banco local me cobrou 100 Pesos a mais pela operação. O valor foi, sim, convertido em Reais, debitado na minha conta corrente. Porém... O Banco do Brasil (meu banco, não sei o seu) também lançou esses saques na fatura do crédito (meu cartão é híbrido), ou seja, cobrança em duplicidade. E lá vem dor de cabeça para resolver isso...
     Sinceramente? Se vai ficar poucos dias, leve tudo em espécie mesmo. Deixe uma quantia na carteira, coloque o resto num ‘money belt’ por baixo da roupa, ou dentro da meia, que seja, e não tenha essas dores de cabeça com taxas, IOF e essas merdas que os bancos SEMPRE insistem em fazer.
     Aí, vem a célebre pergunta: “quanto acha que eu devo levar?”. Gente, isso é pessoal e intransferível. Depende muito do que pretende fazer, se é econômico ou esbanjador. Se serve de parâmetro, eu levei R$ 200 por dia, sem contar hotel, transporte saindo e voltando ao aeroporto. Duzentos reais para os gastos com comida, souvenir, lazer, museus, transporte (usei táxi apenas uma vez, para ir ao aeroporto). Se puder levar isso, fome não vai passar; tédio também não. Agora, se detesta caminhar (eu caminhei mais de 20 km num dia), se não quer pegar ônibus, vai de táxi como a Angélica o tempo todo, talvez seja melhor aumentar essa proporção diária...
     Uma coisa importante: não se iluda muito com essa diferença, de que R$ 1 vale mais que 8 Pesos. Exemplificando: a passagem de ônibus é 20 Pesos, não três e pouco como aqui. Claro que, convertendo, sai até mais barato. Mas não adianta ficar convertendo toda hora, pois lá você gasta em Pesos, não em Reais. Ter mil Reais no Brasil, não é o mesmo que ter mil Pesos no Uruguai. O meu almoço mais caprichado, ficou em 760 Pesos. Não sei se me fiz claro, mas é só um alerta para não se assustar, economizando na troca de Reais achando que ‘vai render’.
     Cartão de crédito eu recomendo para compras grandes, como a conta do hotel. Lembre-se que de Pesos, vai para Dollar e só depois tudo é convertido em Reais. Isso sem mencionar a facada de 6% do IOF. Já disse e repito: leva em espécie o máximo que der e deixa os cartões para emergências, um plano B.
     Ah sim, gorjetas são esperadas pelos garçons. Os tradicionais 10%, que raramente vem incluído na conta (confira antes).

- Aeroporto/hotel/aeroporto:
     Depois de pegar a bagagem, trocar o dinheiro e passar as malas no raio-x, é hora de se hospedar. Assim que chegar no saguão, logo ao lado direito, verá uma guichê branco e laranja (não memorizei o nome) que oferece o serviço de van para os hoteis. Custa 250 Pesos por pessoa e eles deixam na porta do hotel. Não precisei esperar muito para lotar a van, uns dez minutos no máximo – tempo minimizado pelo wifi gratuito no saguão do aeroporto. Login: antel (‘a’ minúsculo, mesmo), senha: wifi.
     No dia do retorno eu fui de táxi até o aeroporto, paguei 700 Pesos. Não sei se seria o mesmo preço no dia da chegada, pois já era noite e não sei se existe bandeira dois lá. Certamente existem ônibus fazendo esse trajeto, mas deve demorar muito, difícil por estar com bagagem. Enfim, nessas horas eu opto pelo conforto, não pela economia.

- Por que Pocitos e não o Centro?
     Quando comecei as minhas pesquisas, li em vários lugares que Pocitos seria um bairro agradável, seguro, tranquilo, mas, ao mesmo tempo, com diversas opções de restaurantes, bares e outras comodidades. Já o Centro, embora seja onde estão localizadas várias das atrações que me interessavam, não me pareceu um lugar bom para se hospedar. E eu acertei na escolha. O Centro no fim de semana, durante o dia, fica deserto. Praticamente todo o comércio fechado, poucos restaurantes abertos – só o Mercado do Porto que salva esse marasmo. Também transitei por lá durante a noite (não de madrugada) e fiquei ainda mais contente por estar em Pocitos.
     Como já mencionei, Montevideo não é uma cidade imensa. No primeiro dia, eu quis por que quis ir a pé do hotel até o centro, pois gosto de ir conhecendo aos poucos, reparando nas casas, nas pessoas, enfim, em tudo. Levei uma hora para chegar lá – e mais uma hora para voltar. Nos outros dias, usei o ônibus; vinte minutos a viagem e pronto. Tendo um mapa nas mãos – e no hotel eles fornecem – não tem como errar. As ruas do Centro são bem sinalizadas (as de Pocitos, nem todas tem placa...) e fica fácil você se situar. Ademais, caso esteja meio perdido, basta perguntar para o cobrador, motorista ou outro passageiro mesmo que eles ajudam. Os montevideanos são gentis, educados e gostam dos brasileiros.
     Eu fiquei hospedado no Palm Beach Plaza – www.hotelpalmbeach.com.uy – e recomendo muito! Fiz a reserva pelo www.booking.com e correu tudo tranquilamente. É um hotel novíssimo e, embora os quartos sejam pequenos, é tudo muito aconchegante, limpo, confortável, funcionários gentis e atenciosos, um café da manhã totalmente adequado e uma internet que funciona bem! Além disso, a localização do hotel é soberba. Fica a uns vinte passos do ponto de ônibus, tem casa de câmbio a uma quadra, mercadinho a meia quadra, vários restaurantes nas proximidades. Enfim, recomendo totalmente. E o preço? Metade do que eu pagaria no Rio, por exemplo.

A minha vista pela manhã...

- Ônibus:
     Eu usei apenas dois ônibus, o 121 e o 116. Ambos passam na pracinha perto do hotel, a diferença é que um deles (121) vai até a Plaza Independência, por cima, pela 18 de julho (estudando o mapa no Google, vai entender melhor), o que facilita a ida ao Estádio Centenário e à Feira Tristan Narvaja. Já o 116, vai por ‘baixo’, pela 21 de setembro. Passa pelo Parque Rodó e vai até o Mercado do Porto, além da Independência. Ficando em Pocitos, só esses dois números que precisa saber (eu também peguei o 185, saindo do Centenário, mas não deu muito certo. Na parte dedicada ao estádio eu explico).
     O valor da passagem é 20 Pesos, como já mencionei, e você paga para o motorista (alguns tem cobrador). Não tem roleta. Assim que você dá o dinheiro, eles digitam numa maquininha e sai um recibo, que você precisa recolher. Nunca me pediram para conferir, mas se você não pega eles chamam você de volta. O troco máximo é para notas de 200 Pesos. Se pagar com 500 ou 1000, nada feito.
     Aqui eu faço minha observação. Imagina um ônibus no Brasil, sem roleta? NUNCA que neguinho iria pagar a tarifa. Nessas horas eu fico com um pouco de vergonha de muitos brasileiros...
     Ah, outra coisa diferente: para descer do ônibus, você pode tanto fazê-lo pela porta dianteira ou traseira. Se vai descer pela frente, é só ficar em pé ao lado da porta que o motorista já entende e para no próximo ponto. Se vai descer por trás, basta apertar o botão acima da porta – não tem cordinha – que ele para também. E, mais uma vez, a diferença na educação. Caso alguém vá descer pela frente, quem está no ponto para subir espera, numa boa, a pessoa descer. Comovente...

     Para se orientar em Montevideo, é bom se acostumar a se referir à localização dos lugares mencionando o encontro de duas ruas, tanto para os taxistas como para o ônibus. Os próprios estabelecimentos se apresentam como “estamos na rua X com a rua Y”. A localização pelo número do local não é muito usada. Eu, por exemplo, estava hospedado na ‘Jaime Zudañez con Plaza Tomas Gomensoro’. É fácil se acostumar – e bem mais fácil de se achar pelo mapa.

     Em vez de detalhar meu dia-a-dia na capital uruguaia, vou resumir em tópicos os lugares e passeios que julgo interessantes.

- Mercado do Porto (Piedras com Perez Castellanos)
     Pra mim, um dos melhores lugares para se visitar (leia-se comer). É bem pequeno, não espere um prédio imponente como o do Mercadão de São Paulo. Eu mesmo passei em frente dele, sem saber, e fui parar lá no embarque do porto, justamente achando que ele era um daqueles prédios enormes. Embora seja chamado de mercado, não tem barracas como as de SP ou BH; são algumas lojas de souvenir e vários restaurantes. O mais famoso, maior e concorrido é o El Palenque. Comi nele duas vezes (não comi a terceira pois é fechado na segunda-feira). Não tem mesas, apenas banquetas ao longo de um balcão enorme. Ótimo atendimento, cardápio bem variado e uma comida saborosíssima! Não vou indicar um prato em especial, pois cada um tem o seu paladar, mas, se possível, peça um ‘chorizo’. Garanto que vai gostar.
    Tem uma casa de empanadas que vivia lotada e que, por conta disso, acabei nem provando. Pelo movimento, deveriam ser bem boas. Não me recordo o nome, mas fica bem próximo a uma das várias portas. Na verdade, acho besteira indicar esse ou aquele lugar, creio que todos sejam bons, pois no sábado estavam todos lotados.

Sábado na hora almoço.

 - Museu do Carnaval:
     Se metade do quarteirão é do Mercado, a outra pertence a esse museu. Porém, ao contrário do que possa parecer, não é grande. Visitei por curiosidade – paguei 45 Pesos – mas reconheço que não é nada imperdível. Para uma cidade que se vangloria de comemorar quase dois meses de carnaval, creio que merecia um museu mais rico, mais informativo, mais interessante... Não me lembro o horário de funcionamento, mas já que vai ao Mercado, e se tiver interesse, só dar uma checada e ver se está aberto. Ah, a entrada fica de frente para o porto e não no lado oposto, como pode parecer (quando chegar lá, vai entender a minha dúvida).

Além desse corredor, mais uma sala. E só.
- Café Brasilero (sem o ‘i’ mesmo):
     Ituzaingo com 25 de Mayo. Fui duas vezes. Um lugar pequeno, mas bem aconchegante. Daqueles prédios antigos. Coma a torta de morango – tarteleta de frutilla – e beba um submarino. Pronto. Uma delícia.

- Teatro Solis:
     Chegando na Praça Independência, já dá pra vê-lo. As visitas guiadas (50 Pesos) acontecem às 11 e ao meio-dia (isso nas férias de julho, pois me parece que em outras épocas também tem uma às 16h00). Não demora muito, mas vale. O teatro é lindo, sua história bem interessante e é um dos principais atrativos da cidade. Tem que fazer para conhecer um pouco da história de Montevideo. Segundo a guia, os espetáculos são freqüentes, tanto no salão principal, como numa outra sala mais moderna, onde apresentações mais contemporâneas acontecem. Eu fui assistir a uma peça – na sala principal, claro – e, embora não entenda quase nada de espanhol falado, gostei do programa. A experiência foi gostosa, nova.
 
Vale a visita.
- Café Bacacay:
     Exatamente em frente ao teatro. Como todo café, pequeno mas aconchegante. Ainda mais naqueles dias frios, encontrar um local como aquele, todo aquecido, com vista para a fachada do Teatro, foi reconfortante.
 
Peça uma medialuna aqui. É grande. E saborosa.
- Estádio Centenário/Museu do Futebol:
     Eu acho que é uma visita obrigatória para quem vai a Montevideo. Diferente do La Bombonera em BsAs, onde o time do Boca é exaltado, aqui o futebol uruguaio é destacado, não esse ou aquele time. A história das Copas e de outros campeonatos importantes, muitas fotos, troféus, itens que hoje se transformaram em relíquia estão ali em exposição. Isso sem mencionar o acesso às arquibancadas, até à beira do campo. O lugar exala história. Eu não sou boleiro, mas até a mim o lugar impressionou. Se tiver como escolher, vá com o dia limpo. O visual é ainda mais incrível.
     O museu e o estádio estão abertos para visitação de segunda à sexta, sempre das 10 às 17 horas. Custou 100 Pesos (mas também aceitavam Reais e Dollares). Digo isso pois, antes de ir, algum site me passou a informação de que também abria aos sábados e domingos. Não sei se foi por causa das férias de julho, ou se mudaram de vez, mas perdi a viagem que fiz até lá no domingo – o que, no fim, foi bom, pois voltei no domingo garoava e na segunda o céu estava limpo que só.
      Para chegar, é fácil. Pega o 121 perto do hotel e desce na Boulevard Gral. Antigas com a Luis Morquio (em frente a um hospital). Daí, caminha sentido oposto a 18 de julho por uma avenida bem arborizada até chegar no parque Battle. O estádio fica no lado oposto. Na dúvida, pergunte. Qualquer um vai saber informar. Para voltar, saindo estádio, ou caminha de volta até a Gral. Antigas e pega o 121 de volta para Pocitos – ou continua pela 18 de julho até o Centro – ou pega o 185, no ponto logo à esquerda da saída do Museu. Eu fiz isso, mas confesso que me perdi. Embora ele esteja marcado “Pocitos”, ele faz um trajeto que vai até o meio do caminho, depois volta rumo a Buceo (bairro vizinho). Não foi de todo mal, pois desci perto da rambla e voltei caminhando, apreciando uma vista que ainda não conhecia (e se você gosta de shopping, esse 185 passa em frente ao maior shopping da cidade...).


- Rambla:
     É uma avenida imensa, com mais de 20 km, que margeia toda a cidade e o Rio da Prata. Vale a pena caminhar por ela – desde que esteja sol – pois rende belas fotos e também permite observar os locais caminhando, sentir-se menos turista e mais montevideano, rs. Eu caminhei pela rambla saindo do hotel – fica em frente – e fui até o Parque Rodó. Longe, mas como já disse, gosto de caminhar.
 
Imagino no verão...
- Parque Rodó:
     Menor do que esperava e com menos atrativos também. Talvez no fim de semana (fui numa segunda) tenha mais pessoas por ali, talvez até mesmo algum evento. Vale a visita? Sim. É imprescindível? Não.
 
Foto tirada numa segunda-feira. Provavelmente aos fins de semana "bombe".
- Feira Tristan Narvaja:
     Começa na rua com o mesmo nome (na verdade o nome da feira é por causa da rua), esquina com a 18 de julho e se estende por muitos, muitos quarteirões. Muitos na internet se queixaram, dizendo que é só quinquilharia, que é sem graça. Discordo. Além das quinquilharias, tem muito mais coisas para se ver. Mas, para mim, o mais interessante é poder se misturar aos locais. Sim, pois não é uma feirinha para turistas, mas onde os montevideanos vão à feira mesmo, comprar desde frutas, queijo, até produtos de limpeza, roupas e o que mais alguém aparecer para vender ali. Uma queixa: é muito difícil encontrar um lugar, ao longo da feira, onde se possa usar o banheiro. Os poucos estabelecimentos abertos, claro, só permitiam o uso para clientes. Eu até cheguei a entrar num restaurante para comer, mas não tinham banheiro. A princípio, pode parecer queixa de velho, mas é só a bexiga apertar para que todo o resto fique desinteressante...
     Algumas barracas ficam viradas para o meio da rua, outras de frente para a calçada onde, ainda, você tem mais antiquários e restaurantes. Tem que garimpar algum lugar decente para comer...
      Se tiver a sorte de encontrar uma senhorinha toda maquiada, vendendo empanadas numa esquina, com a família, compre e coma. Não vai se arrepender. Nessas horas dá vontade de andar com uma marmita, só para poder comprar mais do que o estômago aguenta e comer depois.
      A feira acontece todos os domingos, a partir das nove da manhã. Até o meio-dia ainda tá legal, mas aos poucos começam a baixar acampamento e, antes das três, adeus feira.
     Outra dica é o restaurante “Verde”, onde comi um flan (pudim) com doce de leite muito bom. Não me lembro se fica na própria Tristan ou numa paralela, mas esse não é difícil de achar.

Uns reclamam da muvuca. Eu acho válido se misturar com os locais e seus costumes.


- Museus:
     Existem vários museus e galerias pela cidade, porém, como não sou muito fã de arte contemporânea, não visitei nenhum. Os únicos que me interessaram, ou estavam fechados (do Gaúcho e da Moeda, ambos na 18 de julho, no mesmo local, fui no sábado e na segunda, nada...) ou não localizei, mesmo seguindo o Google (do Holocausto). Aí vai do gosto do freguês, achar os lugares e se achar por lá.

    Existem outras atrações, parques, mencionados nos sites que visitei, mas nenhum que me chamasse a atenção. Como disse, esse não é o guia definitivo. Logo, se buscar outras fontes, pode ser que encontre lugares que julgue interessantes e que eu não mencionei aqui.

     Bom, acho que é isso. Eu recomendo, sim, uma visita a Montevideo. Cidade agradável, tranquila, bonita, com uma excelente culinária e paisagens que enchem os olhos. Minha intenção é voltar no futuro, mas em outra época, para viver a cidade com um clima mais quente. Imagino que deva ficar ainda mais linda com as árvores cheias de folhas e com as pessoas saindo mais às ruas, sem medo de sentir frio. Talvez demore um pouco, mas certamente eu volto. Pretendo fazer um outro post, mais pessoal, no meu outro blog – www.decerto.blogspot.com. Se tiver a oportunidade de ler, pode ser que te inspire ainda mais a viajar até lá. De qualquer forma, se tiver a oportunidade, se precisar de um destino de feriado prolongado, vá pra Montevideo. Duvido muito que se arrependa.
 
Ir a Montevideo e não comer carne no Mercado do Porto, chega a ser um pecado.

     Até a próxima!!